terça-feira, 29 de maio de 2012

A tentativa.

Com toda a mídia em cima do assunto por causa da Xuxa ter revelado o que revelou, por causa da Marcha das Vadias ainda fresquinha e pelos debates sobre a culpabilização da vítima, resolvi falar aqui um pouco sobre o que aconteceu comigo.


Eu fazia cursinho perto do viaduto principal de Pinda, então passava debaixo dele toda manhã. Em uma manhã em específico, meu pai me deu carona até o meio desse viaduto, me restando apenas atravessar a linha, cumprimentar alguns sem teto e ir para o cursinho.

No meio desse trajeto, um cara com os seus 40 e poucos anos, bonitão, bem arrumado e alto, me abordou. Me empurrou contra a parede e tirou minha blusa. Jogou no chão tudo o que eu tinha no colo e tentou tirar o resto da minha roupa enquanto dizia mil coisas obscenas no meu ouvido.

Por sorte, nessa época eu ainda era a rainha da simpatia, então todos os moradores de rua tinham meu rosto gravado na cabeça. Um deles me reconheceu e segurou o cara. A esposa dele me ajudou com a roupa e as apostilas. Os outros começaram a correr atrás dele, já que o primeiro 'anjo' não conseguiu segurá-lo por muito tempo.

Ainda em choque, fui para a aula. Lá sentei e fiquei por 2 minutos. Um sentimento de culpa, vergonha, nojo, medo e raiva tomava conta de mim. Infelizmente o sentimento de culpa era mais forte, e isso foi me corroendo a manhã toda, o dia todo. A ficha caiu assim que eu vi meu ex namorado (que na época era ficante) entrar na escola. Eu já havia ligado pros meus pais, meu pai já estava a caminho, e a tentativa de abraço do inspetor foi a prova viva do começo de um grande trauma que eu tenho: o toque!

Passou pela minha cabeça por vários meses que a culpa era realmente minha, aliás, calça de moletom sempre me deixou bunduda e a camiseta do São Paulo é praticamente um cartaz escrito "ME COMA COM VIGOR!". Mas aí o tempo foi passando, e a noção de que AQUELE cara em específico, era um babaca, me ajudou a sair da fossa.

O toque ainda é estranho pra mim, calças de moletom, camisas do São Paulo e viadutos, também. Porém, hoje, eu já consigo trabalhar isso e distinguir um bom toque à uma ameaça.

Acho válidas discussões sobre o assunto, e agradeço a qualquer energia extra-terrena por ter sido apenas uma TENTATIVA naquela manhã (que, além de tudo, era dia do aniversário da minha irmã).


Um beijão pra quem leu!

domingo, 27 de maio de 2012

Não há coisa melhor que o amor de uma noite só.

Ao contrário.

Podei o mal pela raiz,
todo o começo,
um movimento intenso,
prevenindo o contrário do feliz.

Fugida, com o coração na mão,
me entreguei à arte,
daquela que está em toda parte,
esperando o contrário do não.

Procurando sempre um rumo,
me senti incapaz,
esqueci de ir atrás
de um lugar contrário no mundo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A paz.

Não existem pessoas como eu,
ou pessoas como você!
Simplesmente existem pessoas.

Não existem homens ou mulheres,
não existe um nós ou um eu,
não por muito tempo.

Tudo na vida é inconstante,
e quando você entende isso,
quando se encontra na inconstância,

se sente a paz.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ninguém me mudou,
ninguém te mudou
a não ser você.

Corra atrás daquelas verdades,
as suas verdades tao nítidas
limpas, brilhantes e polidas.

Ontem caiu minha ficha
sobre o tempo e a vida,
tudo está pleno e já vejo o horizonte.

Passou rapidinho a tormenta,
como diz minha mãe:
às vezes o diabo atenta.

domingo, 13 de maio de 2012

É dia das mães!


Quantos filhos já te deram parabéns hoje?

terça-feira, 8 de maio de 2012


O anjo negro trouxe a calmaria.
Tirou de mim a chance, deu a ele o amor.
Deu a mim a esperança, tirou do amigo o chão.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ai.

Se te dei um beijo foi porque eu quis.
Te pedi licença porque foi preciso.
Moço, entenda que te quero junto,
e não te quero meu.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Não quero rodear ninguém.

Ela não pensou em nada. Na verdade, havia tirado o final de semana pra descansar a mente e trabalhar o corpo. Saiu a procura de gente pra conversar e álcool pra virar. Tinha companhias excitantes, com um papo delicioso e uma trilha sonora que a fazia lembrar de quando era adolescente e nenhum problema no mundo existia.

A liberdade que ela sentira no momento em que ele a puxou foi estranha. O tempo inteiro ignorando o interesse por pensar demais nos bons costumes e na moral, e com um puxãozinho tudo foi por água abaixo. Da garagem ao corredor, muitos tropeços ao desabotoar a camisa e tirar os sapatos de um jeito afobado. Quando entraram no quarto, ela pensou mais uma vez em tudo que poderia acontecer... nas ideias que teriam, no jeito egoísta que as pessoas olhariam a história... Mas se lembrou que o ser humano só é feliz quando assume seu lado felino.

Até relaxar a mente e aproveitar o calor, levou um tempo. O álcool assumiu o controle durante esse tempo (e em alguns outros minutos), deixando-a em um nível de tranquilidade mais prazeroso. No momento em que dois corpos se atraem, não existe árvore genealógica, ética e moral nem bom senso. Se as duas pessoas querem, e se não estão chocando, invadindo ou ofendendo ninguém, não há porque domar o prazer, nem os sentidos.

Dias se passaram e nenhum arrependimento havia batido. A certeza dos seus atos havia voltado, e tudo o que ela fizera até então tinha sido tomado como correto. Porém, quando a certeza toma conta, uma chuva de incertezas cai, mesmo que não sejam suas incertezas. Palavras sujas, de desgosto e ressentimento foram ditas a ela, como se merecesse ouvir boas 'verdades' por agir livremente. O libertino falando da Lolita. O sentimento de posse do eixo da Terra, quando o único espaço físico que podemos dominar é o nosso corpo.

Ela continuou firme, pois só aqueles que tem a certeza dos seus atos segue firme no diálogo. Em pouco tempo as devidas desculpas foram proferidas, e a vida que seguia livremente, tomou um pouco de ponderação. Existem certas atitudes que atingem outras pessoas (pessoas que já foram muito atingidas, ou que são muito fracas), e querer ser correto exige pensar também em quem é atingido. Pensar que o ciúme do outro pode virar um câncer, ou que a raiva daquele pode estourar uma veia na cabeça.


Ela, livremente ponderada, pensando em tempo integral, pede desculpas. Mas também não se esquece de dizer que gostou muito, e que não está arrependida.


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Talvez se torne o conto da minha vida.

Retrato falado (escrito).

Texto escrito há 1 ano atrás. Era uma menina baixinha, porte pequeno (de nariz e sutiã), o cabelo bem pretinho, meio curto meio médio, com um sorriso gigante e uma unha roidinha. Me falou de poesia fraca e escrita curta, acho que é meio insegura, e se acha muito esperta. Bateu minha carteira, com coração e CPF. Acredita que ela me ligou e disse: Toma tento!!! E tem jeito? Se meu coração não tá na mão, nem documento, nem certidão, como vou pensar na solidão? Vem cá, guria, me dá a mão. Chega de rimar amor com 'ão'. Comigo você rima paixão com 'inho'. Era um menino meio baixo, porte médio (de barriga e de cintura), o cabelo preto, meio médio, com um sorriso pequeno e unhas de guitarrista. Me falou de natureza rica e escrita boa, acho que é bem seguro, não sei se é esperto. Bateu a minha noite, com papo furado e cerveja. Me ligou dizendo que desistiu. Eu pensei: OUTRO! Se eu não tenho coração, só documento e certidão, como vou pensar em uma paixão? Vai lá, guri, solta minha mão. Chega de rimar amor, chega de rimar paixão. Vai viver poesia sem rima, Vai viver sem poesia!

Decisão de hoje:

Decidi! Tá decidido, finalmente!
Eu decidi o que eu quero,
e eu quero é ficar assim!

Mesmo que a solidão por opção seja antiga,
the old is cool, e eu quero ser cool.
Talvez eu seja cool (pra outros, cu).

Eu vi aquele filme e fiquei assim,
ouvi aquela música e decidi.
Bom dia, vou repetir!

Eu decidi!