sábado, 29 de novembro de 2014

(c)oração de sábado.

Que nossos corações criem olhos
e os abram para o mundo.
Que enxerguem as almas parecidas,
pra que o caminho a dois seja
leve e sustentável.

Que nossos corações criem pernas
e as usem para a distância.
Que corram rápido contra o tédio
do desprazer da convivência
inquietante por conveniência.

Que os braços sejam leito
pro amor que está por vir.
Que não sei se já respira por aqui
ou por qualquer lugar,
que não sei se é um ou o outro.

Que minha mente me ajude na
proeza que é viver na função
de realizar sonhos projetados,
pela sociedade ou pela versão
de mim que é passado.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A depressão da minha vida.

O depressivo é aquele seu amigo que some no meio do rock, ou aquele que nem vai, mesmo depois de passar dias combinando contigo.
O depressivo toma pau na Universidade, é o vagabundo dos professores, o desorientado do coordenador, aquele que 'não rende' porque falta demais.
O depressivo pode passar dias dentro do quarto sem ver um vídeo, escrever uma letra, ouvir um pio.
O depressivo podia ser você, mas como não é, você o tacha de preguiçoso e mentiroso, ignora os níveis de criatividade e de criação, abafa qualquer desenvolvimento fora de aula, desanima cada fio de cabelo do indivíduo, depois diz que foi culpa dele, "ah, aquele vagabundo".

Rola uma ignorância preconceituosa contra nós. Pessoas jovens não tem motivos para se entristecer, pessoas que já conquistaram a Universidade não tem tempo para frescura... Cara, eu já ouvi tanto 'achismo' sobre a minha condição, que já me acostumei com o fato de ser sempre comparada com aqueles que rendem bem, rendem mais, conseguem manter os 'contatos para bussiness'. O mundo vive comparando.

Não fico triste por ser triste ou por ser sofrida, eu não sou. Mas uma parte do meu dia é down, e é nessa parte do dia que eu não consigo 'render'. Os outros precisam entender que não é frescura, não é desculpa, são meus níveis de noradrenalina e serotonina alterados, que me tiram aquela sensação de bem estar, de segurança, de confiança. Se funciono bem com passinhos lentos, esses eu darei, é meu ritmo que quero seguir, mesmo que eu demore o dobro.

Chorei demais na semana passada. Foi um choque o tanto de notícia ruim, o tanto de tapa na cara de quem não sabe avaliar ninguém a não ser pelo 'rendimento' em sala... aquele rendimento que tem a ver com a sua cara e o que acham dela, se vai à aula ou não, mesmo levando dois ou três colegas de sala nas costas. Tem gente que enxerga o que quer e compara como quer. Obrigada, Universo, mas prefiro não ser assim.

Apoiem seus amigos 'fujões'. Pois para os outros, não basta considerar aquele amigo um E.T., é preciso excluí-lo.

domingo, 9 de novembro de 2014

Como sacola plástica,
vaguei a vida com o vento,
travei em bueiro,
me molhei de merda,
parei na barriga da baleia
e jorrei quando ela encalhou
na praia.

Fui catada por um cara,
que me colocou em uma lata
grande e fedida,
dividida com fralda e absorvente,
e disse que ali era meu lugar.

Sem amor, sorriso ou alguma coisa que me tire esse peso do peito. Me orgulho sempre em dizer que sou feliz e só agora reparei que não. Às vezes meço errado minha alegria.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Cara, que cansaço.

To sem rima pra dizer o cansaço que está,
a monotonia morna nude bege
que estava o meu dia.

Antes fosse o dia.
O mês, o semestre.

Um ritmo cansativo,
variando a vida entre muito e pouco.

Criando laços sem sentido.
- baseados em quê?

Depois ver esses laços,
aquele com a batata mal lavada,
o outro com a cara amarrada no retrato.
Cada dia mais birrento.

Desprezando o que há de novo,
desprezando o que há de espontâneo.

Um pecado dizer que hoje foi perdido!
Não, hoje não foi.



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Apuração final.

Foi surreal o barulho que essa Eleição fez. Pela primeira vez me senti vivendo de fato a época de campanha, cheia de golpes, de "levianas", de documentos que deixam de existir. O que mais me incomodou foi esse ódio sem fundamento contra quem se manifesta politicamente: "vá ler mais", "vá estudar mais", "votou no PV porque é maconheiro", "nordestinos não pensam, nem deviam votar", "Esse povo é burro!", "Vou sair do Brasil!!!". As pessoas escrevem, falam, compartilham imagens, vídeos. Tudo que vem delas é mais interessante, tudo que é delas é mais importante. A pressa é maior que a dos outros, só porque são elas! "Morra, tucanada!!!!!", "Fora PT e seus corruptos!!!", "Privatiza!", "Legaliza!".

Todo mundo acha que é sábio, que é sabido,
que seu posicionamento é importante,
criador de tendência
(inclusive eu).
E são,
e somos (TODOS).

Cada ponto nesse texto é importante, a cultura que adotei como minha, o contexto em que me encontro agora, o contexto em que fui criada.
Negar a importância da veracidade é como passar por cima das ideias do outro, é negar que o contexto em que ele se encontra é tão importante e único quanto o seu, simplesmente porque é dele.

É como querer medir problemas: "EU estou mais fodida!". NÃO.
Temos que entender que os momentos de dificuldade de uma pessoa com câncer e de uma que teve o carro roubado tem a mesma intensidade, simplesmente porque as pessoas são diferentes, suas forças e fraquezas também, seus valores também, sua estabilidade emocional também.

Com relação às Eleições, negar a fome do outro é PREOCUPANTE (já passou um dia sem comer? e uma semana? e um mês? e uma vida?). Como se consegue negar que a legalização do aborto e a criminalização da homofobia (pautas esmagadas na campanha do segundo turno) não são urgentes? não dá. Muitas áreas precisam de modificação no Brasil. Umas, pela pressa, serão vistas antes das outras, mas a peteca não pode cair. Esses nossos pequenos textos, mesmo que lidos rapidamente, são importantíssimos pra que essas pautas, essas vozes, esses problemas, sejam expostos, para que as ações do coletivo, dos pequenos e grandes grupos criem forças para irem às ruas, assumirem postos de liderança divididos em várias vozes, vários credos. Que as realidades entrem em conflito sim, mesmo que as palavras pareçam flatulência saindo da boca de um cidadão em debates eleitorais, as pessoas precisam ver o tanto que a necessidade de modificação é urgente!


Cada texto faz sentido, cada luta tem sua força!!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Efemeridade do quarto parte I

Apertei seu ON.
Nesse click você piscou,
durou,
achei que fosse pra sempre.

Acabou e pus outra em seu lugar,
mais forte, mais potente,
mais iluminada.

Não deu duas semanas e
lá vai
você, de novo.

Foram tantas você's!
Tanto reconhecimento do espaço,
tantas noites em claro.

Sua luz, repito,
era forte.
Você's são difíceis de bancar.

Ontem mesmo,
era você aqui
em cima de mim.
Atrapalhando meu sono.

Hoje é você naquela caixa,
com o fio pendurado,
pretinha de queimado,
difícil de descartar.


Lâmpada,
não se vá.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

o outubro rosa daqui.

engraçada a concepção de corpo
que injeta, investe no sutiã,
nos 300ml, no M,
numa 'mãozada' de teta,
de bunda,
de hímen(s).

_
o baque do câncer.

talvez, durante o processo,
a noção da teta passe
do mamilo duro
desse seio do sexo
para a mama,
a teta parte do corpo.

perde-se o zelo
pelo decote,
se devolve o zelo
pela vida.

(re)constrói um tipo de segurança com aqueles,
que da sua maneira,
te querem presente.


Existe uma luz rosa
refletida nos prédios,
com passado (tão presente!) marcado
pela história não tão
rosa, daqui


que me traz sempre uma sensação
(nível máximo do subjetivo no texto)
clara e aguda,
que vem do estômago.
uma esperança linda
em pensar que



quando o seio for parte do corpo,
o cuidado antecederá
a preocupação com a aparência.




A prevenção,
feita em um dia
entre os 365,
esmaga a chance de um dos tipos
do maior 'tirador' de amores
da vida da gente,
levar mais um.

domingo, 12 de outubro de 2014

Autonomia

Enfrentar um relacionamento

O foda dos romances é o que se vende neles. A primeira pessoa que nos completa (às vezes em só uma questão) tem potencial para se tornar o amor da nossa vida. Ao longo do tempo os erros surgem, as manias não são mais bonitinhas e a paciência fica zero. O sono quando se divide a mesma cama para de sumir, a insônia só existe pelos pensamentos negativos que surgem exatamente por estar ali.

Que fique claro: nenhum dos dois é culpado pelo cansaço. A culpada é a rotina dividida entre pessoas que não se combinam, mas que estão prontas pra dar amor.

Pode parecer infantil, mas eu acredito no amor que surge de cara, no momento exato do 'muito prazer'. Pode não ser exatamente amor o sentimento que surgiu ali, no momento em que se conheceram, pode ser um comichão no corpo todo ou uma nuvem de borboletinhas tentando sair do estômago, varia sempre mas nunca larga o lado clichê. Quando se ama de cara vale a pena arriscar. Não tem tanta insegurança e, se tiver, é pelo bem do possível futuro relacionamento. Existe aquela saudade e também a pré-saudade; a segunda, no caso, é a que mais me comove. Ela me joga na cara o tanto que meu coração precisa sentir o coração da pessoa que, quando eu penso, não tem cara, nem corpo, nem nome. Mas sei que já respira nesse mundão.

Fiquei pensando nisso o dia todo!

É difícil perceber que se está em uma relação por convenção, alimentada por duas vias de convenção e desgastada por essas vias da convenção (excesso proposital da palavra). Quando penso nela, na cabeça me vem logo a autonomia e o enfrentamento existente em relacionamentos onde o dia-a-dia é dividido.

A rotina à dois te tira a autonomia. Salvo as exceções (que deviam servir de regra) onde a rotina é equilibrada e as vontades bem divididas. Porém, nos casos sem autonomia, a simples escolha do almoço é complicada, o tempo que se fica na cama é uma incógnita, as vontades de fazer ou não fazer vão pra baixo do tapete por preguiça de discutir sobre coisa alguma. É preciso pensar demais... aí, o doce do amor fica perdido. Não há tempo pra amar aquilo criado na sua mente. É preciso amar aquilo que se sente! Se a maior parte do tempo é consumida pela dúvida e insatisfação, ali não existe amor. Só a rotina, a "compliquês", o "confundismo".


Vale a pena acreditar no amor.
Só não vale a pena esperá-lo e acabar se confundindo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O lindo se torna chato quando a via é de mão única. Faço com minhas dívidas o que faço com os sonhos ruins. Faz de mim um bar, onde cigarro e comida são de graça. Hoje sairei sozinha, pra relembrar como é boa a vida, quando a solidão não é minha sina.

sábado, 4 de outubro de 2014

E me perguntou:
porque falta tanto???? o que você faz quando não vai à aula, Endiara?


AH!!!! Eu vivo.
(a resposta não saiu)
Eu vivo e sofro.
Às vezes,
vivo e trabalho.
Tomo banho,
como,
leio, estudo,
em casa.

Me formo como pessoa todos os dias,
sem diploma, sem chamada,
sem avaliação medida em número.

O comprometimento me pega quando o interesse do professor é crescer ao mesmo tempo que eu, entendendo a particularidade de todos os alunos, o tempo de aprendizado de cada um deles.

A questão do pânico ainda é vista como 'preguiça', falta de força de vontade ou vergonha na cara. Quando se trata de apontar os dedos e bater no peito dizendo "EU SOU O REI DO MUNDO", a "auto rasgação de seda" triplica. Me cansa.

Tem dias que não saio de casa por medo. Não me levanto da cama porque estou ansiosa demais e às vezes eu nem sei porque. Às vezes eu sei porque e por isso saio de casa pra ver a vida, mesmo que da minha calçada. Quero ser avaliada pelo bem que causo no mundo e nas pessoas.

Que se dane minha presença ou burrice na encheção de linguiça. Que se dane aquela falta de vontade de se importar - de verdade - com o outro e seu distinto dia-a-dia. Que se dane toda aquela futilidade pra "bombar", o medo do tanto que a reclamação no Facebook fez sucesso. Não ligo pra esse sucesso. Ligo para o medo que as pessoas tem dessa fama sem nexo:

-- Algum parafuso
daí
caiu,
favor recolocá-lo
pra que seu discernimento
seja reabilitado --

Que esse pensamento persista em minha mente.
Porque é difícil acreditar no mundo
quando o tempo todo tem carniça te rodeando,
dizendo que o sucesso é inovar, fazer sucesso, se sobressair.
Para que? Para quem? Se for para o bem, amém.

Inovação em um mundo "arcaico",
pra mim,
é zero.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Noite de sexgunda- feira.

Como em um pesadelo,
ao abrir minha janela você entrou.
Trouxe seu amigo,
queria uma suruba,
um ménage à trois.
Me pressionou,
me rondou, cheguei a ponto de me espancar
pra te afastar.
Neguei, e com força
você me chupou.
Como em Kill Bill,
havia sangue por todo lado.
Tentava te parar,
mas o descontrole que você me põe,
me deixa louca.
Mais louca.
Enquanto tento te esganar,
aparece uma tropa,
com o pequeno tubinho ereto.
Se não soubesse que é impossível,
te juraria que fui descabaçada
por uma nuvem de mosquito.

Filho da puta.
Foi embora reclamando
"Que SBP maldito!!".

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Escrevo hoje para mim.
Não se deixe fragilizar
por palavras tão jurássicas.
O homem - seja aquele com
linguicinha ou aquela que
se enverga com medo da
calabresa - às vezes é cego.
Às vezes prefere perder o amigo,
sem saber qual o fio da meada,
que engolir uma piada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

no travesseiro

O impulso, a culpa,
a culpa posta sobre os outros,
o xingo, a incapacidade...
respira...
abstrai.

O ódio, a fofoca,
a vontade de desistir,
a falta de querer, a imobilidade...
respira...
abstrai.

A cegueira, o não discernimento,
o pulo da ponte,
o soco na cara de quem não entende...
respira...
abstrai.


É tudo questão de
olhar pros lados.
Perceber que somos um pedaço
do Mundo,
de todo mundo,
Se a corda arrebenta de cá,
alguém se esfolará de lá.


domingo, 14 de setembro de 2014

o (pouco) tempo
que nos dei
foi dividido em 3,
por quem
na arte de somar,
só subtrai.

se eu te mostrar
o produto
que nos restou,
menino,
irá atrás da raiz,
na (doce) tentativa
de reconstruir.

hoje é domingo.
não conhece a tradição?

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Ouvir mais do que dizer.
Como disse Filó,
o tempo pra falar parece
mais curto
que o tempo de escutar.
Toda boca é ansiosa
pra contar.

Ouvir mais do que apontar.
Quando a gente aponta,
a gente evita.
E, evitando,
perde-se o prazer
que é
mudar de ideia.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

adubo

O ruim do tempo é que ele te dá escolhas,
te faz matutar cada pedaço de vida vivida,
te enfia enchimento adubado - puro esterco.

Coisas ruins surgem com o tempo.

gasto.
nas horas que às vezes passo
pensando.
na ordem, na maiúscula, na sua,
escrita. [digita]. [...].
O problema da internet é que ela te aproxima
as almas do mundo
que são por um tempo
pedaço da sua,
online.
Teu detalhe escapa da memória,
a imagem ao vivo na tela [travada]
não reforça,
nem o áudio e
reinicia, reinicia.
reinicia...
Dos dois, prefiro o retrato,
o revelado que finge estar perto quem é de longe.

se não for pra ser,
tudo bem, não será.
até que
rasgar
é bem melhor que deletar.



Viva bem
- sem adubo.




quinta-feira, 4 de setembro de 2014

poesia pras mãos

olhos, nariz e sorriso.
inocência vestida
mas nua.
o beijo estalado.
tato lento
ansioso.
me pediu que falasse delas e
mais uma vez
disse que escrevo melhor
do que digo.
digito este
pra representar dois dias.
conhecendo
na penumbra
você.

poesia pras mãos,
dedicada às suas.

sábado, 30 de agosto de 2014

desenrola

Pior que a minha timidez
só a dos outros.

Ô gente.

Enrolada.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

De repente, frias.
Por algumas palavras não
tão bem interpretadas.

Que falta faz uma rima,
dessas bem curtas,
pra que não sejam gastas as vírgulas.

Essas que devia ter usado
pra representar o que eu sinto.
Tão difícil representar as ideias do cérebro em poucos caracteres sem exagerar nos pontos vírgulas e etcs e ainda nesse mesmo pequeno texto dizer o que o coração sente e sem muitos poréns mas e entretantos explicar a decisão

É foda ter que segurar a mão
no texto.
Tudo é tão subjetivo.


Tem hora que nenhum sentimento rima,

sábado, 23 de agosto de 2014

O sol desceu e, BUM! Trouxe junto um nevoeiro. Choveu briga, discussão, ameaça, medo. Me trouxe temas de família que pra mim nunca existiram, não assim tão perto. Desalento, criança sem um cantinho seguro, sem "te protejo" e "fica calma". Gente sem ninho. Com o peito gritando ódio e gritando amor. Voz que mandava calar a boca por medo.
Em casa, ouvi do meu quarto mais discussão na rua. "Vira homem", "vai se foder". Grito, berro, exaltação e de novo o medo. O medo misturado com o ódio te faz virar um demônio. Desses que não se importam com quem está perto, se alguém vai se machucar. As frases absurdas precisam sair e saem logo, puxando a oxigenação cerebral. Quando ele se acaba, só o medo toma conta. Esfria o corpo com um mundaréu de água salgada e gelada.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Minha mente imagética é totalmente visual. Penso meu cérebro como um céu, que abre e fecha, acinzenta e avermelha, chove e abre espaço pro granizo. Quando as nuvens cinzas tomam conta de toda a vista, fico como estou agora, no instante desse texto: nula.

Não estou triste, nem caindo de felicidade. Estou em um momento com o tempo apertado, muitas entregas com o prazo vencendo e pouca energia pra fazer valer a insônia.

Que este céu se abra pela manhã!


--
Texto postado pra eu ler em dias abertos.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"Quantos pratos serão necessários?"

Na casa de Pinda somos em cinco. Meus pais, minha irmã, meu irmão e eu. Não somos muito de viajar (na realidade, somos. Nos falta tempo quando não falta dinheiro), saímos bastante juntos e gostamos de programas de gordinhos, com muita comida, vinho e cerveja. Quando penso em sangue, gordura e bacon, penso em jantares na madrugada, feitos pelo meu pai, devorados por todos nós.

Um dos programas que gosto de fazer em família é ir ao supermercado. Com meu pai, na verdade, é ele quem faz as compras da cozinha. Anteontem, fui à um atacadista com ele, um dos vários que inauguraram esse ano na cidade. Ele é um ótimo ouvinte e sabe me prender nas histórias que conta. Falamos sobre a vida, sobre paixões, sobre amor, sobre carreira e, finalmente, sobre comida. Decidimos que seria noite da pizza em casa e começamos a comprar os ingredientes. Catupiri, Cheddar, 3 pacotes de massa pronta, Azeitona chilena (a número um nos assaltos à geladeira), Atum, Muçarela, Bacon... enfim, tudo aquilo que faz uma pessoa em sã consciência amar o poder da culinária.

Não bastasse a beleza dos ingredientes, meu pai decidiu comprar novos pratos. "Pratos para a pizza ficar mais gostosa", ele disse. No corredor deles, vimos uma pilha de uns tão branquinhos, com detalhes moldados nas bordas, lisos, rasos, lindos. Nos imaginamos cortando as pizzas neles, pegamos umas facas e forçamos o fundo para ver se os riscos surgiriam caso a massa passasse do ponto. Testado. Aprovado! Meu pai, então, me perguntou: quantos eu pego? Quatro ou cinco?

Silêncio.

A simplicidade daquelas palavras me deixou clara a dúvida que existia em mim: a fé que ele tem na filha é tão grande, que parece óbvio perguntar se quero um prato só meu. "Ela não mora mais aqui", ele deve pensar.

Naquelas frações de segundos, percebi que voltar para casa é uma opção que definha a cada dia. A estadia 'para pensar no que fazer' é agora, nesse tempo de visita. Minha casa é a casa dos meus pais, a casa dos meus irmãos - temporariamente.
--

"Quatro pratos, pai. Eu prefiro aquele que tem em casa, de porcelana com a borda azul. Também não risca e é maior", falei juntando o punhado de facas que usamos para riscar os pratos, deixando cair uma lágrima e outra no corredor das louças.
Hoje eu acordei com um peso no peito.
O peso da inverdade que me distancia.
É que me pareces tão imaculado, tão correspondido,
que travo somente na ideia de pensar em 'ter você'.

Não posso mais julgar ninguém do meu passado
pela filhadaputagem e desculpas mil.
Tenho feito com você a mesma coisa,
mas sem pensar, sem querer ferir.

Isso não é poesia, é uma tentativa de desculpa,
não tem rima, nem simetria.
Só Endiara desesperada porque dormiu demais,
e porque não teve coragem.

Coragem de desistir da perfeição
pra aproveitar o tempo.
Ao seu lado, com abraço, carinho.
Timidez, conversa, beijinho.

Admito, hoje, que sou toda errada.
Aposto que, se me ignorasse,
estaria investigando porque não gostas de mim.
Admito também gostar de você.

E da ideia de pensar em almas que se combinam
(não gêmeas, nem que se encaixam).
O que te disse sobre pessoas que nos fazem bem era sério.
Você me faz um bem incrível, menino.

Me fala onde está que vou até você,
com um abraço e um beijo,
uma amizade infinda e, claro,
essa alegria foda que me enche o peito quando estou juntinho.

Me desculpa ser tão confusa.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O tempo e as coisas

Me lembro de chorar, amargurada, por não ter esperança.
Me tranquei no quarto e chorei, de berrar, que não existia motivo pra persistir.
A casa, os gatos, os gastos.
Tudo indo, partindo de supetão, roubando pedacinhos de mim.

Sem chão, corri para os braços de meus pais.
Sem chorar, pedi para ser observada.
Sábios que só eles, tendo-me na palma de suas mãos,
me lembraram que cada um tem seu próprio brilho.

Mesmo o meu tendo saído dos olhos há um tempo,
um misto de insistência e amor próprio pulsavam no meu peito.
Hoje não sei definir se é uma espécie de fé em mim,
em um Deus ou nesse céu tão azul que observo agora.

Sei que o mistério que me fazia chorar já foi embora:
engoli com coca as palavras feias, vomitei com vodca as palavras precisas.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Doutora coxinha.



Trabalhei até o limite do meu dia, onde o relógio do Silvio diria: 21h20min e eu já estaria pronta, no ponto de ônibus - com preguiça do tanto de blusa que é necessário carregar enquanto ainda estou com calor pela correria-, esperando o mito, a lenda do ônibus que surge às 21h30. Arrasei, superei, guerreira. Cheguei dez minutos mais cedo, inédito! Aí vão 5 minutos, 10 minutos, 15 minutos, uma conversinha, meia hora, uma hora. Todos os Trevos, Giarola, Divisas, Colônias, o bar da frente enchendo, quatrocentas badaladas. Desesperança. Perdi a apresentação do trabalho que mais exigiu minha paciência e estudo durante a semana. Chocada. Mas sem chorumelas. Pra superar, estou comendo uma coxinha de frango com catupiri enorme, daquelas com a massa meio doce.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Retrato do dia 25 de junho.



"Por enaltecer a alegria, choro quando me sinto triste.
Até confundo deprimida com depressiva.
Por gostar de dar risada, lacrimejo de boca fechada.
Até confundo sonhar com sofrer".

Não entendi minha tristeza de hoje. Dormi por mais de 20 horas, fiquei presa em rodoviária, editei, gravei, editei mais. Fiquei pouco no facebook, brinquei com a gata que restou no casarão, e chorei. Chorei tanto que tive tempo de pensar em registrar meu choro. Me ver me fez pensar: peraí, o que eu sinto que é tão triste?
E chorando, eu penso que minha vida vive em torno de pequenos momentos felizes, que se perdem na memória quando eu fico triste. Nesse momento, se eu me lembrar dos instantes mais bonitos, vou chorar mais.
É como se fosse uma TPM que vem com o choro. Bati o dedinho do pé, cortei demais meu cabelo, tirei “pelinha” do dedo da mão, eu choro. Decisões importantes, momentos decisivos, eu fujo (chorando). Peguei a mania de me esconder. E a vergonha de me esconder me faz chorar.

"Nada está completo, mesmo minha vida estando repleta
De sinceridade, de paz,
De reconhecimento dos pais,
De alegria acadêmica.

Seria minha tristeza, um amor pela polêmica?".

Ontem fez quatro anos que um cara tentou me estuprar.
Minha vida tem tanto dessas tragédias. Minha cabeça bloqueou tanto esses fatos, que minha tristeza vem silenciosa nos 'aniversários'. Em São João eu me sinto sozinha, segura por morar só com meninos, mas sozinha pra conversar sobre isso. Já fiz terapia, tentei falar com família. Tentei desastrosamente desabafar com ex namorados (quando eram atuais) e a reação sempre era: "e o que isso tem a ver? Já passou". Sim, já passou, mas o que deixou em mim eu ainda não superei. Ou não quis superar. Será que ainda tenho o que aprender com o que passou?

"Espero que um dia entre pela minha porta a paz,
em forma de gente calma e companheira,
que me faça lamentar, chorar, berrar,
pra que no outro dia, ela ainda leve e do meu lado,
me faça perceber que o que eu gritei foi o passado".

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Cicatriz.

Brigar é igual tatuagem de gente hiperativa! Coça, é cutucada,  machuca e cicatriza errado. Insatisfeito, o cara retoca, cobre, mas o ciclo volta na coceira, cutucada.......
Nos últimos dois meses eu vivi em uma tatuagem mal feita, mal pensada, que coçou, cutucou, machucou e cicatrizou errado. Quando a correção foi feita, a dor ficou intensa e a vontade de coçar voltou ainda mais forte. Pra não cutucar, fiz compressa de gelo, evitei pomada cicatrizante e me alimentei direito.

O gelo é uma ótima alternativa. Há muito tempo meu pai me ensinou que o silêncio, em certas situações, é a nossa melhor saída. Não para fugir dos problemas, ou se abster de opinião, mas pra conseguir ouvir os passos que está dando, ainda mais quando os passos não são só seus.
A esperança do rasgo no peito cicatrizar rapidamente é tola. Não existe vantagem em acelerar o processo de crescimento que a dor traz. Às vezes é bom sofrer, é bom chorar, sentir raiva, gritar, espernear. O ruim é culpar os outros pelo seu próprio sofrimento. Você pagou o tatuador, ou escolheu dar os passos com aquelas pessoas. Você, junto com eles, é um dos baldes d'água que encheram esse moinho de novidades desastrosas.
Alimentação! Um corpo bem alimentado não se exalta com facilidade. Não amarga a boca, não corrói o esôfago, não constipa. Um corpo com fome fica triste, deprimido, com ódio, com raiva e, pelo cérebro não estar acostumado a receber essas informações insatisfatórias, ele não admite que tem agido assim, dessa forma tão instintiva, crua, mal pensada.

Me ausentei da boca do furacão por medo de morrer queimada com as paLAVAS. Não queria me queimar com frases mal pensadas, vindas de pessoas que já tanto quis. Em nenhum momento me senti covarde, só me senti sensata: estar perto dos amores da nossa vida é sempre uma atitude esperta e prazerosa. O bom de estar aqui é que não preciso repetir o problema e as possíveis causas como um mantra negativo, eu simplesmente posso viver tudo o que vivia perto do furacão, mas sem ouvir palavras que escaparam no meio da noite, descontroladas pelas incertezas nunca questionadas diretamente pra mim.

Aquele papo: é fácil "falá", difícil é "fazê". Tenho tanto a aprender, mas o que já concluí nesses dez dias longe da lava, foi que não adianta falar e falar, impor e impor, chorar e chorar, sem saber o tanto que as palavras são um perigo. Amor, ódio, falsidade, decepção. O que é desamor pra mim, o que é o ódio pra mim... varia tanto! Depende tanto!! Imagina pra cada um, imagina chegar a um consenso. Não existe e, por essa inexistência, nossa linguagem física é de extrema importância. Nossa presença, nossas atitudes em silêncio, em pensamento, em energia. Palavras que, culturalmente, depreciam alguém ou alguma coisa, trazem imediatamente uma energia pesada, uma azia que só sai com vela vermelha e preta.

Se você sabe de onde vem essas palavras e essa frustração, se sabe que já tentou a seu modo esclarecer as coisas, o distanciamento das situações e pessoas facilita a cicatrização, o entendimento do problema. Nada melhor do que o silêncio pra entender onde errou e onde erraram.

Meus textos nunca se finalizarão com maestria porque a gente nunca tá pronto pro fim. "A gente aprende a viver pra morrer". Até lá, espero não ficar satisfeita com meus textos porque, assim, vou entender que ainda estou em processo.

domingo, 1 de junho de 2014

Tudo o que é feito de coração tem retorno. Reencontrei amigos de trabalho em um freela que fiz. Foram mais de 12 horas de trabalho, com exaustão e uísque de graça. Confesso que desejei minha cama em vários momentos, pensei que estava no lugar errado em outros, mas ainda assim, pus minha cabeça e meu coração naquilo. Não é que o trabalho rendeu? Além de rever esses amigos de poucos encontros, uni minha paixão pela filmagem com a paixão pelo aprendizado. Ainda estou meio baqueada pelo cansaço do meu corpo e pelo tanto de informação em um só dia, só que essa sensação de estar ativa não me deixa dormir. Estou com vontade de enfiar na cabeça das pessoas o movimento mais puro da vida, a plenitude de conseguir amar as pessoas pela simples existencia delas, a vontade de fazer bem e se interessar pelo que o outro é, não pelo que faz. Confusa postagem.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ponto De Vista

É muito ruim ter um ponto de vista diferente das pessoas ao redor. Pior ainda é se perder no ponto de vista dos outros. Tenho enfrentado momentos repetitivos de ruptura por diferença de opinião. Ao mesmo tempo, tenho podado minha personalidade, que já foi forte, em prol da "paz eterna". O problema é que chegou o esgotamento, a falta de vontade de insistir e curar os mal entendidos com um "tudo bem". Não devia ser problema querer caminhar com as próprias pernas. Não devia me fazer perder o sono esse sentimento quase certo de estar próxima a mudar de vida. Não que eu não deva me preocupar, de fato devo, mas eu não devia deixar de lado o meu crescimento também. Me perdi nos meus gostos desde que me mudei pra cá. Namorei tilele, cara safado e mauricinho. Fiz amigos possíveis e impossíveis, leves e insustentáveis. Não carrego nenhuma saudade dos meus ex's, e tenho a sorte de ter bem próximos a mim os amigos mais queridos. Mas é ridículo ignorar que todos eles estão em mim, amigos e ex amores, impregnados em algumas açoes, escondidos em novos conceitos que agreguei pra mim. E porque temos o costume de nos afastar e de não sentir falta de quem é tão oposto de nós? A vida se resume MESMO em definir como amigos aqueles que são nossa cópia, nossa versão em outro corpo? Ou até mesmo tratar grandes amigos como um só, como se ali não houvesse nenhum ponto discrepante? Será que quem age assim não percebe que essa reação diminui a individualidade dos amigos e cria um atrito imaginário, uma nuvem cinza que mistura os sentimentos no cérebro? Ainda estou confusa sobre quem sou eu em mim e quem são eles em mim. Meu medo é descobrir quem sou eu e, novamente, haver uma ruptura.

terça-feira, 20 de maio de 2014

O Sentido Das Coisas

Falta. Falta saber o sentido de tanto trabalho, de tanto esforço e dedicação. Parece que todas as contas que eu faço são pra arder o estomago de raiva, por concluir o tanto de dívida que consegui fazer nos últimos anos. Há 3 semanas ando pensando no rumo da minha vida, mas não consigo me mexer, não consigo pensar no que eu quero fazer, nem com quem. Planejo uma viagem longa pra um lugar onde só tem água e sol, e desejo que o sentido da minha vida esteja escrito ali. A gente se doa, se dói. Calcula os passos e palavras por pessoas que tropeçam em cima da gente, pisando na garganta e no coração. Tantas pessoas me abafaram que me sinto cozida na minha própria vontade. O que estou fazendo??? O que estou fazendo aqui? Sinto uma vontade imensa de fugir, de ser mais nova ou mais velha, só pra testar todas as idades, momentos. Pra saber a hora que vou me sentir em paz. E que essa paz não esteja na morte, porque a liberdade não pode ser assim, tão triste. Que vontade de acreditar nos elogios da minha mãe, de me sentir mesmo capaz de fazer qualquer coisa. Que vontade de me ver esforçada, assim como ela ve. Parece que sempre posso mais, devo mais... Mas nunca chego, não consigo. Que vontade de estar na minha casa, pra não sentir essa dor de segurar o choro na garganta. Que vontade de mandar a injustiça e falsidade tomar no meio do cu.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sempre nevando.

Ah, mas se ele soubesse que eu já pensei.
Pensei repensei, me calei me privei.
Se ele soubesse, raiva de mim não sentia.
Se bem que não sai raiva de um coração com excelência.
Excelência em amar, foram tantas experiências,
que me imagino perdendo a paciência.
Depois me acho tola, menino falou,
deixou recado, escrito, desenhado.
Precisa de fato uma resposta, bem dada,
texto embasado,
pra que os versos dele, copiados e tão lindos,
possam por mim não ser repelidos.
Mesmo negando, evitando,
vou acabar abraçando e, ah,
lá vem fim.
Ou é só o pessimismo falando?
Há quanto tempo eu nao sentia meu corpo dançando sem controle? A gente se esquece durante o caminho, acaba tratando tudo com uma imensa preguiça. Acha os rolezinhos um saco, a bebida quente, a música baixa... E eu que me sentia a rainha de suportar qualquer saída percebi estar ranzinza pra caralho. Todos os momentos são lindos, e não to me deixando levar pela bebida, eles são mesmo lindos. O prazer de amar o lugar e as pessoas que lá estão somente pelo fato de estarmos em sintonia, foi um momento que eu precisava recordar. A perda de controle te faz perceber os limites e expurga todo o resto de tristeza que amarga o peito.


Nuvens E Chaves

Quando um amor se finda, o corpo passa por uma fase de "desamorização" natural ao longo das semanas, acontece um processo que eu costumo dividir em duas partes: andar sobre nuvens e perder as chaves.

O nível mais difícil de sair é o andar sobre nuvens. Ele exige certo esforço e muita vontade de desamorizar o velho, e geralmente é mais fácil pra quem deu o pé e não levou. A sensação de estar flutuando, perdida no pensamento, sem definir as vontades (de comer, dormir, sair) são essenciais pra perceber se está nessa fase. Você anda por uma nuvem cinza que te impede de ver o que está na ponta do nariz.

Perder as chaves, é como se o amor fosse seu molho de chaves, e você o tivesse perdido em algum canto. Bate aquele sentimento de 'esqueci alguma coisa' em todo lugar, uma vontade desesperada de achar logo o molho ou fazer uma nova cópia. É o buraquinho no coração sem chave pro encaixe.

Mas quinta-feira, eu que já havia descido das nuvens, encontrei uma chavinha que também encaixava no meu peito. Não era amor, nem uma chavinha, de fato. Era só um pedaço de mim que decidiu voltar: autoconfiança, sensação de estar inteira no próprio corpo, pisando no chão.

Essa chave, de encaixe perfeito, me fez mais feliz.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Quando Neva Dentro De Mim

Era tarde da noite e nevava. Meus pés não conseguiam deixar de seguir o ritmo da música, assim como minha cabeça não conseguia processar aquele tanto de frases. Não sei se deixei claro que nevava, mas nevava. No fogo cruzado consegui manter a calma, respirei em quatro tempos, mantive as palavras alinhadas no meu cérebro e na minha boca. Mas bobagem, já disse que nevava. Devia ter falado das coisas do coração, da insegurança transparente em ambos os corpos e dos meus olhos serem incapazes de olharem para os dele(s). Do fundo fui pro topo. Do topo, pra minha cama. Qualquer atitude mal pensada não vem em boa hora. Mesmo que todas as horas sejam boas pro amor, existem momentos em que a paz de espírito e consciencia são priorizadas, e todas as inverdades ou situaçoes que exijam omissão são afastadas. Palavras tão bonitas, 3 estilos de poesia, carinho, atenção e solidão. Ainda não se encaixam as tais frases, ainda não entendi o que senti, como vou precisar agir. O novo é sempre tão distante. Instiga. Te dá energia pra prosseguir sozinha, tateando novos caminhos, novos versos. Ainda estou tão boba, que devo parar por aqui.

domingo, 30 de março de 2014

O fim

tem o lado bom.

Dei sorte do fim chegar num dia de chuva,
dá pra lavar a alma e atualizar status.
Ele tampa o soluço nessas telhas baratas,
abafa o som do tum tum tum doído.
Hoje eu acordei achando que melhoraria,
que faria sol e eu já teria dinheiro no banco.
Mas aí a vida deu aquela volta,
como sempre, por culpa minha.
Antes fosse por traição, por mentira,
o problema foi o excesso.
Carinho demais, amor demais.
O fim vem com cada argumento!
Antes ele era o amor nos meus textos,
era o 'ele' da minha poesia.
Ser tratado agora como fim?
Dói, dói demais.
Mas dor em dia de chuva é granizo:
só intensifica, assusta, mas também passa.
Meu amigo me disse hoje:
"Isso é fogo no cu. Amor é pra deitar no colo e dormir,
não tem que ser espetacular e cheio de dedos apontados".
Realmente, amor é pra amar,
não pra esperar, pra ansiar.
O problema é que eu sempre quero amor,
eu quero amor. Mas o amor, o fim.

deprêshow

Estou fadada a não viver um conto de fadas. Minha cabeça me boicota, viro um fardo na conta mensal do meu pai, sou um fardo na vida do meu namorado, e evito ser um fardo de depressão pros meus amigos. Quem me ensinou a não chorar perto dos outros é um idiota, mas me ensinou certinho. Hora ou outra eu choro no tempo errado, alguém que eu gosto vê e se assusta, se afasta pra pensar na própria vida.
Mas como eu posso culpar alguém por não gostar de ser companhia pra um peso morto? Até esse texto... é pessimista. Na real eu acho que chorar e se deprimir não devia ser um peso, mas esse é o olhar de quem tá dentro, de quem sabe que 85% do dia é alegria, e os outros 15% é tristeza, mágoa e dor.
Essa dor é tão doida que, mesmo criada pela cabeça, afeta só o coração. Me tira o apetite, me deixa sem sono, não me permite abrir a porta de casa (que nem minha casa é). Não me deixa esperar um minuto por uma resposta, não consegue me aquietar quando o 'visualizada em' aparece e nenhuma frase vem. É podre porque me deixa cega pra tudo positivo que tá perto, me faz colocar a doença como desculpa de tudo... me faz parecer fraca o tempo todo, quando só tô usando os meus 15%.
Existe um preconceito tão grande contra a depressão! Contra a síndrome do pânico então, nem se fala. "Nossa, saiu cedo do rock", "Meu deus, quanta chorumela!". Quando o assunto é sanidade mental todo mundo é crítico, é especialista. Quando o assunto é esse, a culpa é da carência do indivíduo mas ah! Só eu sei que não costumo ser carente nos 85%.
Mas de que importa saber de tudo sozinha? De que importa se fazer de durona grande parte do dia e morrer de chorar antes de [tentar] dormir? NADA. E é com esse nada que eu vou evitar chorar pra alguém hoje de novo, que eu vou magoar quem eu acho que amo de novo, e que eu vou ficar olhando foto de casa, pra tentar lembrar como é a vida, de fato.

Que saco é saber que o príncipe não vem, que o sapatinho quebrou, que a carruagem virou abóbora estragada e que minhas tranças não chegam no chão.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Pra que querer amar amor de poeta?


Sei que não parece poesia, que esses versos não tem rima,
mas hoje eu chorei sozinha pensando que minha prosa nada vale.
Amor não é mais moeda de troca,
não vale a pena o olho no olho,
o tempo 'desperdiçado' em dar e fazer amor.
Parece que tudo tem girado tão lento,
tão no escuro, desatento,
sem interesse no coração, em bombear palavras bonitas,
em espirrar flores, peidar perfume.
O amor promete ser sublime,
sublinha textos de paixão e some,
no primeiro vento do dia, ou da cachaça.
O amor de poeta parece possessivo,
mas posso ser julgada por querer quem eu amo
aqui perto de mim?
Mesmo babando, já em alfa, é amor.
E o amor, que sobe e desce morro,
pensa que dormir é dormir,
que morro é exercício, que crise é charme,
e que a espera pode se dar sentada.
Mal sabe ele que tenho ansiedade profunda pela chegada,
que cada hora é contada, entre cantos e cantorias,
prezo pela alegria da espera enamorada.
Ai, o amor parece que não sabe de nada.

sábado, 15 de março de 2014

Vou acordar com a cara inchada

me sentindo rejeitada.

domingo, 2 de março de 2014

Prioridades.

O primeiro passo pra qualquer turbulência são as prioridades. Se tem dívidas, quando se tem dinheiro paga-se primeiro as contas prioritárias. Se tem muita roupa suja, lava-se primeiro as que mais usa. Se o dia está cheio, deixa-se de lado o que não lhe cabe. Mas e na vida como um todo? E quando existem milhares de prioridades brigando para serem escolhidas dentro do seu dia, dentro de você?

Tenho passado por essa fase de aprendizado, de escolhas. Há certo tempo tenho brigado comigo mesma pensando que minhas prioridades são supérfluas ou não correspondidas. Por exemplo, perder cabelo com a universidade, me fazendo comer e beber pensando em trabalho ou no número de faltas. Ou no namoro, quando amar e ficar doze horas abraçado parece errado, parece perda de tempo para fazer os tais trabalhos da universidade. Bobagem.

O que aprendi nesse meio tempo é que nossas prioridades são escolhidas de maneira instintiva, no impulso. O que mais te incomoda e tira o sono, ou mais te tranquiliza e tira o fôlego, foi escolhido de maneira coletiva, entre cabeça e coração, alma e 'máquina', pra te deixar mais feliz, mais completo.
Quando conclui isso, me perguntei: e se eu decidir por várias prioridades, vários momentos e afazeres que me tornem completa, um pedaço inteiro de mim?

Aproveitar o momento, se entregar na escolha, sentir a sustentável leveza em cada ação, cada gesto, cada letra escrita nos trabalhos, cada segundo das horas deitada no colchão. Se tem duas horas ou dois minutos, que sejam realmente eternos enquanto durem (citando Vinícius), que textos quilométricos e com conteúdo apareçam, que cada milímetro do rosto dele sejam gravados, que cada louça seja agraciada com detergente, que cada gota de água do banho role pelo corpo, que o caminho pra qualquer lugar seja reparado. Os celulares precisam ser deixados de lado, assim como o Facebook e os virais do Youtube. Viver o presente é a coisa mais importante de se aprender na vida, e a mais difícil de ser levada ao pé da letra.

Aquela pulga atrás da orelha, aquele 'estar de corpo presente', o olhar corrido na paisagem, as brigas efêmeras e constantes (com o outro e com você mesmo), a sensação do tempo nunca ser suficiente... podem acabar.

Se for exatamente essa a receita da paz e da excelente decisão do que é prioridade, estou a dois passos de ser feliz (ou mais feliz). Não custa tentar parar e refletir na nossa vida, ver e rever o que te trava, o que te toma tempo e nunca parece estar completo. Se suas prioridades são várias, divida melhor seu tempo e mergulhe de cabeça naquilo que decidiu fazer naquele exato momento, essa atitude te torna mais sincero consigo e com o outro.


Esse 'olhar pra dentro' me fez perceber que a vida não é o fardo que às vezes aparenta.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sensações do espaço

Sentir a mesmice de cada dia,
o cheiro do tédio,
o vento da hora acelerada,
a luz da hora paradinha,
as pessoas passando,
o que estão pensando,
pra onde estão indo,
qual a primeira coisa que viram quando já de pé.
Perceber o espaço,
se o escolhi é porque vale,
mesmo que seja pausa pro palheiro,
ou a espera do ônibus.
Tratar a rotina chata sorrindo,
porque a rotina na real, não é rotina,
é sempre um dia esperando pra ser sentido.

Sensações.
Há muito tempo não sentia, não parava, não precisava.
Hoje, parece ordem, inconsciente comando,
que valoriza cada segundo,
te faz perceber que existem vários eu's esperando um minuto de voyeur,
te faz sentir percebida, escolhida "praquele" momento.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Jornacídio.

Hoje tô fazendo um trabalho gigante que envolve publicidade e propaganda. Enrolei 1 mês e meio pra começar, achando que eu só não gostava da matéria, que a época do ano não estivesse ajudando, que a falta de férias de verdade estivesse me desanimando... mas não. Depois de chorar (repito, chorar) pra tentar ler um livro de apenas 180 páginas (pra quem lia Harry Potter em 1 dia com 12 anos, é quase nada), percebi que não é a época, não sou eu, não é a matéria... é o curso e a desesperança que ele me traz.
Tenho na minha sala alguns amigos que já estão encaminhados, até os mais desanimados fazem estágio (esses são os que mais procuram encher o currículo de horas, lugares e cursos que não precisam de presença). Todo dia que entro na sala de aula, quando não mato pra ficar em casa comendo ou lendo um livro, eu me martelo pensando no quão difícil é brigar com cachorro grande, lutar por uma vaga ao invés de merecê-la. Meu desânimo é tanto, que tô encarando o curso como um desafio e como a última chance que terei de escolher uma profissão (mesmo que não exija um diploma de mim, só minha saúde, meu tempo e total dedicação).
Uma área que eu gosto na comunicação social é a de arte visual... quando consigo relacionar as artes com a poesia, me sinto ainda mais preenchida, resolvida. Mas até isso a Academia tenta tirar da gente: o direito do ócio produtivo, da inspiração espontânea. Não me dê uma pauta pra criar uma fotografia, ou uma pauta pra escrever uma matéria. Me dê tempo, me dê um dia pra viver e perceber o que precisa de retrato ou recorte.
Encontrei tanto defeito na minha vida o dia inteiro... mas olhando direito, o único defeito era o de admitir que não estou certa do que estou fazendo, nem se é isso que quero pro meu futuro, nem se tenho coragem de admitir pra mim mesma que já não aguento mais essa cidade.
Mão que age, tapa a boca do amor,
depois aponta o erro e a falta.
Confesso que chorei,
ainda mais quando me culpou de tê-lo feito.

Mas me desculpa, amor,
já não há ácido que corroa esse estômago,
nem mágoa que me seque as estranhas,
só a desistência de ser essa via.

Minha mão única se faz agir em letrinhas.
Tua mão anda me apontando tanto,
que te colocas na redoma do nosso amor,
sozinho, cercado de vidro, sempre à mostra.

Fico tão frágil e descrente em mim,
que desafio nosso lance durar.
Poesia concreta, direta, reta.
Não sobre amor, mas sobre mim.

Compenso em palavras ambíguas
as frases mal interpretadas por você.
Quando digo que você me faz falta
não critico, peço de volta.

Não sei como acabar a conversa,
não sei como começar uma conversa.
Acho que precisas de tempo,
se eu que te amo não mereço tua prova,
aprovação, teu carinho,
quem merece?


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Poema musicado, de mim pro namorado.

O som tá na minha cabeça,
melodia doce e grave,
abres a boca e ela começa,
impossível mais suave.

Omiti palavras feias,
te doeu! o que me espancou,
pedi desculpa até pelas veias,
mas de nada adiantou.

O tempo é mais doce que sua música,
mais suave que seu toque em mim.
Não sei como me atura,
sei que sempre eu tô afim.

Enquanto não te cansas,
não desisto de te ver,
deliro quando me trança,
com teus braços de prazer.

Te amo.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cansada, vou dormir.
Já li e reli, certeza concretizada amanhã.
Aperto no peito, lágrima seca no canto do olho inchado.
Sono e crise se misturam, extrapolam.
Meu coração, frito pela oscilação,
se lembra dos cabelos vermelhos.
Um dia no peito dele, todo dia no dela,
sinto um amargo na boca ao imaginar.

Que esse sono me espanque,
que essa dor se transforme em paz,
que seja logo, que seja sincero,
mesmo que seja sozinha.

Cansada, deliro ter dito tudo.
Mas quando releio, lembro dos parênteses.
Queria ouvir a entonação, mesmo que do seu batimento.
Sono e crise se misturam, extrapolam.
Meu coração, frito pela ansiedade,
se lembra dos cabelos castanhos.
Um dia no meu peito, todo dia no dele,
sinto o doce da sua boca ao recordar.

Que esse sono me espanque,
que essa dor se transforme em paz,
que seja logo, que seja sincero,
mesmo que seja sozinha.

Cansada, publico e durmo.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Reflexo do microondas

Desencadeado o pensamento está.
Fala pro espelho, se vê, se ouve falando,
dicção, pulmão inflado.

Hoje é dia de se olhar.
Colocar pra fora o passado que engoliu,
com ombro caído, olho inchado.

Descobri o que eu sentia
falando a mentira que eu ensaiei pro mundo.
Me pareceu tão vulgar, tão fraco.

Meu cérebro pediu a verdade,
e a verdade foi tão grande, tão intensa,
que eu chorei com a alma, com o corpo.

Uma espécie de passagem do tempo,
de constatação, de me reafirmar digna do passado,
e honrada de ter sido capaz de escapar do sufoco.

Um desabafo atropelado por palavras,
terminado por um desmaio gramatical,
cheio de arrepio e esperança.

Troquei meu ponto de vista,
vi que o erro não foi o que fiz,
mas como isso me fez me sentir sozinha.

É uma solidão que não existe hoje,
mas que eu berrava, pra quem quisesse,
que ela era latente, até então...

Queria sempre me sentir amada
por achar que estive sempre sozinha.
Mas a solidão não existe.
A dificuldade que você tem colocado em deixar nossos dias mais simples,
e a facilidade de me culpar por movimentos que calculei mil vezes pra não errar,
têm me feito perder a vontade de continuar o esforço que é, todo dia, me por para fora.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

É tão chato ter pânico! A gente se exclui das pessoas e depois reclama que elas estão afastadas demais. Passa boa parte do dia se martelando porque não saiu, porque não fez. Fica sozinha no aniversário porque nunca soube cultivar os amigos, porque não quer sair pra cantar parabéns num restaurante cheio de desconhecidos. A gente pensa que tá curada quando consegue viajar e não pirar, mas aí o surto vem do nada, sem vela, sem bolo, sem palma. A gente fica sozinha, exigindo muito dos poucos que estão junto sempre.
Hoje não era pra ser dia de crise. Não mesmo!

Parabéns.

Hoje é dia do meu aniversário, passados 22 anos desde 1992. Dia de comemorar mais um ano de vida, de crescimento, de alegrias. Dia que tem como obrigação a felicidade.
Agradeço imensamente aos meus irmãos, que comemoraram comigo ontem, me deram os únicos presentes da data, e tornaram meu dia de hoje muito fofo, com diversos 'parabéns, Maricota' pela casa. Meu amigo, Gustavo, me fez sentir especial por existir e eu, mais uma vez, agradeci ao mundo por ter me dado um amigo tão fiel. Tiago, meu namorado, me fez sair da crise que entrei logo que deu meia noite, me fez sentir importante na vida de alguém.
Apesar de amar os quatro, me fez muita falta os tempos de outrora, onde minha família mostrava pra mim o tanto que eu era significante no dia do meu aniversário. As ligações eram pra mim, um ou outro presente também pra mim, e os abraços, sinceros, eram todos meus. Cadê minha família e padrinhos? Cadê o dia com uma ou outra ligação, um ou outro embrulho, um ou outro gesto que me mostrem o quanto eu sou importante pra eles e que meu dia merece ser comemorado?
Eu, deitada no escuro, soluçando no dia do meu aniversário, por me sentir longe das pessoas que querem fazer meu dia mais azul.

Ter crise do pânico no dia do meu aniversário não foi plano meu.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Não existe desamor. Concordei porque quebrei a cara. Me desconstruo na sua inocência todos os dias, destruo junto minha auto-estima e a vontade de amar, você e a mim.