domingo, 30 de março de 2014

O fim

tem o lado bom.

Dei sorte do fim chegar num dia de chuva,
dá pra lavar a alma e atualizar status.
Ele tampa o soluço nessas telhas baratas,
abafa o som do tum tum tum doído.
Hoje eu acordei achando que melhoraria,
que faria sol e eu já teria dinheiro no banco.
Mas aí a vida deu aquela volta,
como sempre, por culpa minha.
Antes fosse por traição, por mentira,
o problema foi o excesso.
Carinho demais, amor demais.
O fim vem com cada argumento!
Antes ele era o amor nos meus textos,
era o 'ele' da minha poesia.
Ser tratado agora como fim?
Dói, dói demais.
Mas dor em dia de chuva é granizo:
só intensifica, assusta, mas também passa.
Meu amigo me disse hoje:
"Isso é fogo no cu. Amor é pra deitar no colo e dormir,
não tem que ser espetacular e cheio de dedos apontados".
Realmente, amor é pra amar,
não pra esperar, pra ansiar.
O problema é que eu sempre quero amor,
eu quero amor. Mas o amor, o fim.

deprêshow

Estou fadada a não viver um conto de fadas. Minha cabeça me boicota, viro um fardo na conta mensal do meu pai, sou um fardo na vida do meu namorado, e evito ser um fardo de depressão pros meus amigos. Quem me ensinou a não chorar perto dos outros é um idiota, mas me ensinou certinho. Hora ou outra eu choro no tempo errado, alguém que eu gosto vê e se assusta, se afasta pra pensar na própria vida.
Mas como eu posso culpar alguém por não gostar de ser companhia pra um peso morto? Até esse texto... é pessimista. Na real eu acho que chorar e se deprimir não devia ser um peso, mas esse é o olhar de quem tá dentro, de quem sabe que 85% do dia é alegria, e os outros 15% é tristeza, mágoa e dor.
Essa dor é tão doida que, mesmo criada pela cabeça, afeta só o coração. Me tira o apetite, me deixa sem sono, não me permite abrir a porta de casa (que nem minha casa é). Não me deixa esperar um minuto por uma resposta, não consegue me aquietar quando o 'visualizada em' aparece e nenhuma frase vem. É podre porque me deixa cega pra tudo positivo que tá perto, me faz colocar a doença como desculpa de tudo... me faz parecer fraca o tempo todo, quando só tô usando os meus 15%.
Existe um preconceito tão grande contra a depressão! Contra a síndrome do pânico então, nem se fala. "Nossa, saiu cedo do rock", "Meu deus, quanta chorumela!". Quando o assunto é sanidade mental todo mundo é crítico, é especialista. Quando o assunto é esse, a culpa é da carência do indivíduo mas ah! Só eu sei que não costumo ser carente nos 85%.
Mas de que importa saber de tudo sozinha? De que importa se fazer de durona grande parte do dia e morrer de chorar antes de [tentar] dormir? NADA. E é com esse nada que eu vou evitar chorar pra alguém hoje de novo, que eu vou magoar quem eu acho que amo de novo, e que eu vou ficar olhando foto de casa, pra tentar lembrar como é a vida, de fato.

Que saco é saber que o príncipe não vem, que o sapatinho quebrou, que a carruagem virou abóbora estragada e que minhas tranças não chegam no chão.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Pra que querer amar amor de poeta?


Sei que não parece poesia, que esses versos não tem rima,
mas hoje eu chorei sozinha pensando que minha prosa nada vale.
Amor não é mais moeda de troca,
não vale a pena o olho no olho,
o tempo 'desperdiçado' em dar e fazer amor.
Parece que tudo tem girado tão lento,
tão no escuro, desatento,
sem interesse no coração, em bombear palavras bonitas,
em espirrar flores, peidar perfume.
O amor promete ser sublime,
sublinha textos de paixão e some,
no primeiro vento do dia, ou da cachaça.
O amor de poeta parece possessivo,
mas posso ser julgada por querer quem eu amo
aqui perto de mim?
Mesmo babando, já em alfa, é amor.
E o amor, que sobe e desce morro,
pensa que dormir é dormir,
que morro é exercício, que crise é charme,
e que a espera pode se dar sentada.
Mal sabe ele que tenho ansiedade profunda pela chegada,
que cada hora é contada, entre cantos e cantorias,
prezo pela alegria da espera enamorada.
Ai, o amor parece que não sabe de nada.

sábado, 15 de março de 2014

Vou acordar com a cara inchada

me sentindo rejeitada.

domingo, 2 de março de 2014

Prioridades.

O primeiro passo pra qualquer turbulência são as prioridades. Se tem dívidas, quando se tem dinheiro paga-se primeiro as contas prioritárias. Se tem muita roupa suja, lava-se primeiro as que mais usa. Se o dia está cheio, deixa-se de lado o que não lhe cabe. Mas e na vida como um todo? E quando existem milhares de prioridades brigando para serem escolhidas dentro do seu dia, dentro de você?

Tenho passado por essa fase de aprendizado, de escolhas. Há certo tempo tenho brigado comigo mesma pensando que minhas prioridades são supérfluas ou não correspondidas. Por exemplo, perder cabelo com a universidade, me fazendo comer e beber pensando em trabalho ou no número de faltas. Ou no namoro, quando amar e ficar doze horas abraçado parece errado, parece perda de tempo para fazer os tais trabalhos da universidade. Bobagem.

O que aprendi nesse meio tempo é que nossas prioridades são escolhidas de maneira instintiva, no impulso. O que mais te incomoda e tira o sono, ou mais te tranquiliza e tira o fôlego, foi escolhido de maneira coletiva, entre cabeça e coração, alma e 'máquina', pra te deixar mais feliz, mais completo.
Quando conclui isso, me perguntei: e se eu decidir por várias prioridades, vários momentos e afazeres que me tornem completa, um pedaço inteiro de mim?

Aproveitar o momento, se entregar na escolha, sentir a sustentável leveza em cada ação, cada gesto, cada letra escrita nos trabalhos, cada segundo das horas deitada no colchão. Se tem duas horas ou dois minutos, que sejam realmente eternos enquanto durem (citando Vinícius), que textos quilométricos e com conteúdo apareçam, que cada milímetro do rosto dele sejam gravados, que cada louça seja agraciada com detergente, que cada gota de água do banho role pelo corpo, que o caminho pra qualquer lugar seja reparado. Os celulares precisam ser deixados de lado, assim como o Facebook e os virais do Youtube. Viver o presente é a coisa mais importante de se aprender na vida, e a mais difícil de ser levada ao pé da letra.

Aquela pulga atrás da orelha, aquele 'estar de corpo presente', o olhar corrido na paisagem, as brigas efêmeras e constantes (com o outro e com você mesmo), a sensação do tempo nunca ser suficiente... podem acabar.

Se for exatamente essa a receita da paz e da excelente decisão do que é prioridade, estou a dois passos de ser feliz (ou mais feliz). Não custa tentar parar e refletir na nossa vida, ver e rever o que te trava, o que te toma tempo e nunca parece estar completo. Se suas prioridades são várias, divida melhor seu tempo e mergulhe de cabeça naquilo que decidiu fazer naquele exato momento, essa atitude te torna mais sincero consigo e com o outro.


Esse 'olhar pra dentro' me fez perceber que a vida não é o fardo que às vezes aparenta.