terça-feira, 31 de março de 2015

Desconforto temporal

Pra um vazio que nunca se preenche,
Existe a esperança de consertar a cabeça.
Passar vaselina na trava que impede o lúdico
De criar a vida ideal,
Com sonhos, metas, objetivos...
Pra ele se encher de carinho,
Me entrego paras as pequenas coisas,
Que hoje é a companhia do céu,
Dos felinos "candidatos à presidência",
Esse pedaço de papel, essa tela...
A energia que acabou de cair,
Me deixou desesperada, mas voltou.

Pra esse vazio se transbordar,
Eu dou meu suor febril,
Meu estresse sem rivotril,
As piadas do JC,
Os sorrisos e as "licenças",
Os obrigadas e os de nadas,
O meu coração,
Esse texto que não se assemelha a poesia,
Essa vida, que é minha, mesmo vazia.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Atropelada de medo

Hoje acordei vazia, como se em sonho tivesse avisado que o dia seria sem cor.
Aproveitei pra pensar na crise de ontem, onde pela primeira vez eu desmaiei de medo.
Medo do só, medo do risco da companhia, medo de continuar assim, insegura.
Que surjam dias de paz. Pra que esse céu azul seja um dos motivos pra continuar a vida.


terça-feira, 24 de março de 2015

ter que

o ser humano é engraçado
na vida não pode bastar
comer, dormir, "sexar",
"ociar", conversar, descansar,
v-i-v-e-r.

ter que ser, fazer, agir,
parecer ser.

não dá pra viver, simplesmente.
pegar o mundo e, pronto, toma.
dividir tudo, zelar tudo,
ser tudo.
não ter tudo.

eu sou o tudo do que é a Endiara,
mas me pego nos "ter que".
mas me perco nos "ter que".

acabo virando "quero",
acabo virando vida futura,
acabo sonhando com o dia da aposentadoria.

mas aposentar do que?
"ociar" onde?

- menina, tu tem que adiantar isso,
andar menos assim, falar com menos assado,
aceitar fiu-fiu, amolação, prazo,
cartela, tabela, e... bingo!

- menino, tu é novo,
tu tem que deixar a vida pra depois,
vá fazer seu pé de meia,
planejar, escrever, ABNTezar.

quando preguiça virou aversão?
conferi no dicionário,
vi que sou preguiçosa dessa vida.

ter que.

ser quem?

segunda-feira, 16 de março de 2015

Dizer que há muito é bobagem. Durante as crises eu só pensava no seu (antigo) bom senso e no seu carinho (foi quem me ensinou a abraçar com a alma). Há pouco tempo, tenho repensado em você.
Nesse segundo, sou toda "deslucidez", estou na loucura plena de quando digo que estou louca. Lembro de um hamburguer que fez pra mim naquela época (bigorna conflituosa), talvez seja uma saudade com fome, querendo comer tua presença (mas sem seu coração frio). Eu sentia sede, mas só tinha chá de arruda. Lembro do ovo, bacon, pitadinhas de amor e zero paciência. Comi, vomitei. Lembra? Parece mentira. Não é.
Hoje sou só lembrança (na loucura, quem não sai do hipocampo bom sujeito não é), aperto no peito, via dutra congestionada num coração tão pequeno. Há saudade, há dúvida. Há, ainda mais, dúvida sobre a saudade. De quem? De qual? Do que?
Não acho motivo pra sentir saudade, mas lembro de uma plenitude, completude da alma, dos corpos, da mente. Lembro de sentir o silêncio sem ferir ninguém. Lembro de ser triste, de ter a alma velha. Às vezes essa velha alma aparece, feito um encosto, e ela tem sua forma. Uai, será que, aqui, cá entre nós, me sinto melhor agora?
Você, que me ensinou poesia sem métrica, vai ser pra sempre um príncipe desencantado. O guerreiro covarde de todos os dias, que surge, ressurge, some. Como é bom te ver sumir, melhor ainda se assumisse... aí, quando eu pensasse naquilo, não pensaria em você.