quinta-feira, 28 de abril de 2016

no passado, sufocada

Foto: Gustavo Pavan

















Envolta na fumaça
resultante da fritação,
angustiava a vida
esforçosamente.
A poeira,
ali realçada pela neblina,
intensificava a coriza,
fazendo arder as narinas.
Ideias gastas,
salivas jorradas ou
bocas secas,
ninguém se lembra delas.
Nem eu,
que aqui me entrego
a um suposto arrependimento,
me lembro de todos - os
alguéns, olás, vamos marcar sim -
que passaram por aqui.
Sei que me dá gastura,
só de pensar
que por dentro
tava tudo
torto,
e que me engava,
acreditando que ali era
o mesmo lugar
onde encontraria
a liberdade
que eu só acho
em mim.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Estímulos

Não desestimule a evolução do amiguinho. Seja justo, você também já acordou querendo mudar o mundo, mudar de atitude, mudar de hábito... Teu amigo não tem o manual da vida assertiva, assim como você. Paciência.

Quando estimulados, nos tornamos confiantes, geniais, donos das rédeas da nossa criação. Quando estimulamos, colocamos em prática a empatia, afastando a arrogância e aquela pitada natural de prepotência. E lembrem-se, além da confiança somada a empatia, equilibramos nossos valores, criando assim um novo conceito de comunidade.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Dê cá um abraço!

A luta diária do feminismo às vezes desgasta.

Cria rixa,
asco,
raiva,
almoça sal grosso e suco gástrico.

Gera medo,
na rua,
no busão,
janta suor e palpitação.

Engraçado é ainda ler tanta manchete falando sobre a pureza da mulher de Temer (seu nome surge quase sempre no segundo parágrafo - Marcela). Bela, recatada e do lar. Nós, mulheres, sempre queridas quando mudas, loiras, lisas, peitudas, bundudas, companheiras, mães, cozinheiras, cheirosas, depiladas, sexy sem sermos vulgar. Nós que, solteiras, somos "sapatões", loucas, descontroladas, mal comidas, cheias de louça pra lavar, caçadoras de macho, aproveitadoras, incompetentes e, mesmo quando em "bando", sozinhas.

Nós, que ainda julgamos outras mulheres por suas escolhas, outras, que ainda acham que o feminismo prega a dominação da mulher sobre o homem, precisamos nos abraçar. Mulher é gente, assim como o homem é gente (mesmo que alguns insistam em não parecer). Mulher também sente tesão, mulher pode gostar de mulher, mulher pode sair pra beber e voltar de madrugada, mulher também pode assumir a presidência, mulher também pode querer ser a primeira dama.

Precisamos explicar pras outras e pros homens, que existe luta! E ela é a  favor da liberdade REAL da mulher. Não podemos nos encaixar em padrões criados pela indústria massificadora - grandes empresas, mídia, políticos -, não podemos nos sentir confortável com esse tanto de regra cagada especialmente pra nós.

A mulher PODE e DEVE escolher o que e como quer ser na vida. E, se perto de você existe uma mulher não empoderada, uma mulher evidentemente presa no julgamento dos outros, abrace-a, dê a ela uma flor, um sorriso, um "tamo junta". Precisamos nos salvar do desgaste.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Calmaria

Mais um ano novo.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Quarta-sono

No limite entre ir e vir
meu corpo reage com inércia.
Posso tanta coisa,
devo outras várias,
mas a reação é a mesma:
estagnada.

Na cama,
rolo e enrolo,
desenvolvo estratégias pra ficar mais um tempinho,
aqui,
onde a vida me fez gente amigável.

Lá,
eu sei o que me espera,
e são coisas lindas,
lugares maravilhosos,
perspectivas positivas
sobre o mundo
futuro.

Mas, ah,
como deixar o mundo presente,
que é mesmo um presente,
sem sentir que retribuiu
ou se despediu?

Não são as pessoas,
mas as almas,
não são as responsas,
mas os processos,
não foram os amores,
mas as desilusões construtivas.

Fico aqui,
na dúvida do que seria
ficar mas
Vou pra lá,
na certeza do que será
estar mais.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

"vam" de bike

Vai voando que vou daqui,
de trem, de perna, de ideia.

Na realidade,
esse nós já existe,
há um, dois anos,
em outro plano.

Nesse aqui,
imagina,
nossa agenda faz tudo ficar
mais distante que a China.

Só queria ficar "sussa",
água corrente por perto,
e nós ali,
arrochando um maxixe
nas colinas,
transformando camarão em lisergia.



(única sentença
onde o H é certo
e M errado),